Biografia de Ricardo Reis
Adriano Correia nº 1
Ricardo Reis (1887 - 2009) é um dos três heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Nascido na cidade do Porto, estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e, por ser monárquico, expatriou-se, espontaneamente, em 1919, para o Brasil, onde ficou a viver. Era latinista por educação alheia e semi-helenista por educação própria. Interesado pelas culturas Clássica, Romana (latina) e Grega (helénica).
Fisicamente:
“Um pouco mais baixo, mas forte, mas mais seco do que Caeiro”;
“de um vago moreno”; “cara rapada”.
É um poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas.
A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurista triste, pois defende o prazer do momento “carpe diem” como caminho para a felicidade. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia. Sente que tem que viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade, conseguida pelo esforço estóico lúcido e disciplinado.
TEMÁTICAS:
EPICURISMO
- Busca da felicidade;
- Moderação dos prazeres;
- Fuga à dor (aponia);
- Ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbação);
-prazer do momento;
- Carpe Diem (caminho da felicidade, alcançada pela indiferença à perturbação);
- Não cede aos impulsos dos instintos;
- calma, ou pelo menos, a sua ilusão; e
- ideal ético de apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade.
ESTOICISMO (conformismo)
- Aceitação das leis do destino (apatia);
- Indiferença face às paixões e à dor;
- Abdicação de lutar; e
- Auto disciplina.
HORACIANISMO
- Carpe diem: vive o momento; e
- Aure mediocritas: a felicidade possível está na natureza.
PAGANISMO
- Crença nos deuses;
- Crenças na civilização da Grécia;
- Intelectualização das emoções; e
- Medo da morte.
NEOCLASSICISMO
- Poesia construída com base em ideias elevadas;
- Odes (forma métrica por excelência).
CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS:
- Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita corresponde uma expressão perfeita;
- Estrofes regulares, de verso decassílabo, alternadas ou não com hexassílabo;
- Verso branco;
- Recurso frequente à assonância, à rima interior e à aliteração;
- Predomínio da subordinação;
- Uso frequente do hipérbato;
- Uso frequente do gerúndio e do imperativo;
- Uso de latinismos (astro, ínfero, insciente...);
- Metáforas, eufemismos, comparações, imagens;
- Estilo construído com muito rigor e muito denso;
- Classicismo erudito;
- precisão verbal;
- recurso à mitologia (crença e culto aos deuses);
- princípios de moral e de estética epicurista e estoica;
- tranquila resignação ao destino;
- Poeta Intelectual, sabe contemplar: ver intelectualmente a realidade;
- Aceita a relatividade e a fugacidade das coisas;
- Verdadeira sabedoria da vida é viver de forma equilibrada e serena; e
- Características modernas no poeta: angústia e tristeza.
Exemplo de um poema:
Segue o teu destino
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Ricardo Reis
Bibliografia :
http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/reis.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rreis.jpg
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v270.txt
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