segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Biografia de Ricardo Reis

Adriano Correia nº 1

Ricardo Reis (1887 - 2009) é um dos três heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Nascido na cidade do Porto, estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e, por ser monárquico, expatriou-se, espontaneamente, em 1919, para o Brasil, onde ficou a viver. Era latinista por educação alheia e semi-helenista por educação própria. Interesado pelas culturas Clássica, Romana (latina) e Grega (helénica).

Fisicamente:

“Um pouco mais baixo, mas forte, mas mais seco do que Caeiro”;

“de um vago moreno”; “cara rapada”.

É um poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas.

A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurista triste, pois defende o prazer do momento “carpe diem” como caminho para a felicidade. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia. Sente que tem que viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade, conseguida pelo esforço estóico lúcido e disciplinado.

TEMÁTICAS:

EPICURISMO

- Busca da felicidade;

- Moderação dos prazeres;

- Fuga à dor (aponia);

- Ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbação);

-prazer do momento;

- Carpe Diem (caminho da felicidade, alcançada pela indiferença à perturbação);

- Não cede aos impulsos dos instintos;

- calma, ou pelo menos, a sua ilusão; e

- ideal ético de apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade.

ESTOICISMO (conformismo)

- Aceitação das leis do destino (apatia);

- Indiferença face às paixões e à dor;

- Abdicação de lutar; e

- Auto disciplina.

HORACIANISMO

- Carpe diem: vive o momento; e

- Aure mediocritas: a felicidade possível está na natureza.

PAGANISMO

- Crença nos deuses;

- Crenças na civilização da Grécia;

- Intelectualização das emoções; e

- Medo da morte.

NEOCLASSICISMO

- Poesia construída com base em ideias elevadas;

- Odes (forma métrica por excelência).

CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS:

- Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita corresponde uma expressão perfeita;

- Estrofes regulares, de verso decassílabo, alternadas ou não com hexassílabo;

- Verso branco;

- Recurso frequente à assonância, à rima interior e à aliteração;

- Predomínio da subordinação;

- Uso frequente do hipérbato;

- Uso frequente do gerúndio e do imperativo;

- Uso de latinismos (astro, ínfero, insciente...);

- Metáforas, eufemismos, comparações, imagens;

- Estilo construído com muito rigor e muito denso;

- Classicismo erudito;

- precisão verbal;

- recurso à mitologia (crença e culto aos deuses);

- princípios de moral e de estética epicurista e estoica;

- tranquila resignação ao destino;

- Poeta Intelectual, sabe contemplar: ver intelectualmente a realidade;

- Aceita a relatividade e a fugacidade das coisas;

- Verdadeira sabedoria da vida é viver de forma equilibrada e serena; e

- Características modernas no poeta: angústia e tristeza.

Exemplo de um poema:

Segue o teu destino

Segue o teu destino,

Rega as tuas plantas,

Ama as tuas rosas.

O resto é a sombra

De árvores alheias.

A realidade

Sempre é mais ou menos

Do que nós queremos.

Só nós somos sempre

Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.

Grande e nobre é sempre

Viver simplesmente.

Deixa a dor nas aras

Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.

Nunca a interrogues.

Ela nada pode

Dizer-te. A resposta

Está além dos deuses.

Mas serenamente

Imita o Olimpo

No teu coração.

Os deuses são deuses

Porque não se pensam.

Ricardo Reis

Bibliografia :

http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/ricardo_reis.htm

http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/reis.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rreis.jpg

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v270.txt

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